Descendente de uma das famílias mais antigas da região do ABC paulista, neto do Coronel João Baptista de Oliveira Lima – que foi várias vezes presidente da Câmara Municipal de São Bernardo entre o final do século XIX e o início do século XX, Hygino de Lima nasceu no atual distrito do Rio Grande, no dia 21 de outubro de 1910. Com um ano de idade mudou-se para a casa em que residiria até a velhice, na esquina da Rua João Pessoa com a Rua Américo Brasiliense. Hygino estudou contabilidade na tradicional Escola de Comércio Álvares Penteado – na capital paulista - e, ainda muito jovem, em 1926, começou a trabalhar na coletoria estadual do município, sendo, posteriormente, nomeado coletor, ocupação que exerceria até sua aposentadoria (1). Iniciou suas atividades políticas após a emancipação do município, atendendo a um convite de Wallace Simonsen para que concorresse à prefeitura nas eleições de 1947. Enfrentando José Fornari, do PSP, o qual tinha o apoio da prefeita Tereza Delta e do governador Ademar de Barros, Hygino foi derrotado por uma pequena margem de votos (2). Foi eleito vice-prefeito em 1959, tendo exercido o cargo durante a segunda administração de Lauro Gomes. Em 1963, ainda com o apoio de Lauro, foi eleito prefeito, tendo governado a cidade entre janeiro de 1964 e janeiro de 1969. Sua administração foi marcada pela execução de um grande número de obras públicas importantes, que buscavam adequar o espaço urbano do município ao acelerado processo de crescimento demográfico que acometia a região desde a década anterior, e, também, à sua circunstância econômica de principal núcleo da indústria automobilística brasileira, com um dos maiores orçamentos do estado de São Paulo. Este ciclo de projetos e execuções de arrojadas obras urbanas se iniciara na gestão Lauro Gomes, com a formação de uma extraordinária equipe de arquitetos e urbanistas capitaneada por Jorge Bonfim - que incluía nomes como Flávio Vilaça e o argentino Hector Juan Arroyo - a qual se manteve em atuação durante toda a administração de Hygino (3). Símbolo nacional de progresso, modernidade e planejamento, a cidade de Brasília, inaugurada a menos de uma década, inspirava a administração pública municipal, que procurava dotar São Bernardo do Campo de obras que expressassem estes mesmos valores. Construído a partir de 1965, e concluído no início da administração seguinte, o Paço Municipal, com seu estilo modernista, foi a mais importante delas. Cortando a região central da cidade, uma nova avenida, posteriormente denominada Faria Lima, se destacou no projeto do novo sistema viário, o qual seria de grande importância no contexto sócio-demográfico existente no município a partir desta época. Nas áreas da educação e da saúde a ampliação da estrutura física e humana da administração municipal também foi grande. A rede de ensino público primário e secundário praticamente dobrou e o número de postos de puericultura saltou de um para vinte três (4). Em 1972, Hygino de Lima concorreu novamente à prefeitura municipal, não obtendo sucesso. Faleceu em 1996, aos 85 anos de idade. Imagens: Acima - > Hygino de Lima. 1963; Abaixo - > Prédio da Escola Estadual José Fornari, cujo projeto era de autoria dos arquitetos Jorge Bonfim e Toru Kanazawa. Início da década de 70. Assim como ocorreu com várias outras obras da administração Hygino de Lima – desde os postos de puericultura até o quartel do corpo de bombeiros - o edifício trazia a marca da arquitetura modernista.

 


Notas:
(1) - Cf. Lima, Hygino de. Depoimento. 23/8/1977. Banco de História Oral. Centro de Memória de S.B.C.
(2) - Cf. Lima, Hygino de. Depoimento. 11/7/1989. Banco de História Oral. Centro de Memória de S.B.C.
(3) - Cf. Bonfim, Jorge. Depoimento. 8/5/2009. Banco de História Oral. Centro de Memória de S.B.C.
(4) – Cf. Administração Hygino de Lima. 1964/1968. Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo, 1969.

 

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