Nome que ficou marcado na memória da cidade através da denominação de uma das principais vias dos bairros Assunção e Alvarenga e de uma das principais escolas do Jardim Lavínia, João Firmino Correia de Araújo nasceu em Recife, Pernambuco, em 1892. Pertencia a uma tradicional família do Nordeste - seu pai, Francisco Altino Correia de Araújo, foi governador da província do Rio Grande do Norte durante o Império, e seu irmão, Mário Altino Correia, deputado federal nos  anos 50.
 
João cursou o tradicional  Ginásio Pernambucano (1) e, a partir de 1907, a Faculdade de Direito de Pernambuco (2), caminho profissional quase natural da elite local na época, tendo estudado ali na mesma época do empresário Assis Chateaubriand, de quem foi amigo (3). Paralelamente à faculdade,  ele ingressou na carreira pública, sendo nomeado solicitador da Fazenda do Estado em fins de 1908 (4). Já formado, casou-se em 1914 com Ignez Barreto Correia de Araujo. Em fins daquele ano, o casal residia em Olinda, junto à Praia de São Francisco (5).
 
Nos anos seguintes, seguiria sua carreira burocrática: em 1916 era agente fiscal da alfândega de Recife, função pela qual foi, em 1923, designado para prestar serviço  no Rio de Janeiro, então capital do país (6).
 
Morando  no Rio, aos poucos se  aproximou  da elite da cidade, tendo ali ativa social, participando de festas e eventos em locais como o Copacabana Palace, junto com figuras ilustres da sociedade carioca (7). Em 1928, ele concedeu entrevista ao Jornal do Brasil, que queria saber dele informações sobre a situação  social e política de Pernambuco. Na entrevista,  comentou sobre Lampião e o banditismo do  cangaço, que então afligia o estado. Disse ele: “ Não é só Lampião com seu temível o bando que infelicita o Nordeste; muitos outros lampiões existem que em nada o iluminam, pelo contrário, o escurecem, trazendo o terror  e a desolação àquele boníssimo, feraz e  imenso pedaço do território pátrio.(..) Ou o sertanejo adere ao cangaço ou se evade, por falta de necessárias garantias, abandonando suas fazendas, roçados ou lavouras. (...), de tal modo  que a produção de toda aquela região (...), vem diminuindo consideravelmente. Por isso eu penso que o  combate ao banditismo é o problema mais urgente para nós.” (8)
 
Próximo de figuras influentes da ditadura de Getúlio Vargas (1930-1945), como o ministro Oswaldo Aranha (9), João Firmino  passou por outras funções de relevo na carreira pública, até aposentar-se em 1943, após integrar o Conselho de Comércio Exterior do governo federal (10).
 
No mesmo ano, mudou-se para o estado de São Paulo e iniciou carreira como executivo empresarial, se tornando sócio majoritário e presidente da recém fundada Companhia Nacional Forjagem de Aço Brasileiro (Confab) (então localizada na Av. Prosperidade, em Santo André, próximo da divisa com São Caetano) e da Indústria Gaseificador Vitória, em São Paulo(11). Foi nessa época que João Firmino adquiriu dos japoneses da Colônia Mizuho uma propriedade em São Bernardo, situada na Estrada do Alvarenga, na altura de onde hoje encontra-se o colégio Termomecânica, que foi batizada de Chácara Três Lagos. Associando-se  com moradores vizinhos, como Vincenzo Zincaglia, Firmino ajudou a financiar a extensão da energia elétrica  ao longo da estrada,  desde seu início, no km 23 da Anchieta, até a altura de sua chácara, num total de 3,5km (12). As obras, executadas pela antiga Light, começaram a ser realizadas em 1944, tendo ficado prontas  em 1945. Segundo  o memorialista Mario Stangorlini, antigo morador do Bairro Assunção, a inauguração ocorreu com uma feijoada de confraternização na chácara de Firmino, tendo participado dela moradores, autoridades municipais e funcionários da Light.
 
Firmino faleceu na sua chácara em 30 de dezembro de 1952, tendo sido sepultado no cemitério da cidade. No ano de 1954, em sua homenagem, o trecho da Estrada do Alvarenga entre a  Via Anchieta e a Chácara Três Lagos foi batizado com seu nome  (13). Em 1970, ele  receberia nova homenagem na redenominação do antigo grupo escolar do Jardim Lavínia (14).
 
 
João Firmino em imagem publicada no jornal Correio da Manhã em 20 de dezembro de 1933
 
 
 
Notas:
 
(1) - Diário Pernambucano, 10-11-1903
(2) - idem, 18-01-1907
(3) - Moraes, F. Chatô, o Rei do Brasil, 2016
(4) - Diário de Pernambuco, 10-12-1908
(5) - idem, 14-11-1914; A Província,29-09-1914
(6) - Jornal Pequeno, 17-02-1923
(7) - A Noite 24-08-1935
(8) - Jornal do Brasil, 08-01-1927
(9) - Diário da Manhã, 11-09-1934
(10) - Jornal do Commercio, 05-04-1941 e  2-12-1943
(11) - Diário Oficial do Estado de São Paulo 21-10-1943; Correio Paulistano 13-03-1945
(12) - Stangorlini, M. As Colônias no Bairro Assunção. 1997.
(13) - Lei PMSBC 265 de 27-02-1964
(14) - Decreto Estadual de 26-11-1970
 
 
 
 

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