Nascido em São Bernardo em 24 de julho de 1913, Américo era filho do casal João Basso e Inês Bonini, estabelecidos no final da Rua Marechal Deodoro, sendo seu pai o fundador, em 1910,  da primeira fábrica de móveis da cidade.
 
Após ter feito  seus estudos primários em São Bernardo, onde teve também sua iniciação musical (1),  em 1925, Américo mudou-se com sua família para Verona, na  Itália (terra natal de João), onde cursou o ginásio e continuou seu aprendizado musical (2). Em 1931, ele retornou ao Brasil, residindo em São Paulo , onde trabalharia em um  comércio local. Paralelamente,   prosseguiu nos estudos do canto lírico com o maestro Sisto Mechetti, do Instituto Musical Benedetto Marcello (3). Em 1936, chegou a participar do festival da companhia de operetas Lea Candini, no Teatro Sant'Anna (São Paulo), como baixo, na  apresentação de “O Trio dos Aymores”, de Carlos Gomes (4). Depois, venceu um concurso para corista do Teatro Municipal de São Paulo, em uma audição da Missa do Requiem, de Verdi. A partir daí sua carreira deslanchou, entrando para o quadro de cantores efetivos do teatro e participando, entre 1941 e 51,sempre como baixo, da apresentação de diversas  obras, como   Traviata, Rigoletto e Aida,  de Verdi; Boemia, Madame Butterfly e Tosca, de Puccini; Thais e Manon , de  Massenet; Lucia de Lammermoor, de Donizetti; O Guarani, de Carlos Gomes,e  Fausto, de Gounod. Também  integrou  o Coro e a Orquestra da Rádio Gazeta, de São Paulo,  que produzia o programa Cortina Lírica  (5).
 
Além de São Paulo, ele chegou a participar, entre 1943 e 1950 (6) /,da temporada lírica oficial do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. A princípio, Basso iria apenas substituir um cantor que estava indisponível para  uma apresentação do “Barbeiro de  Sevilha” com um grupo lírico estrangeiro, mas a excelente receptividade do público lhe valeu  contratos mais longos (7). No Rio, Américo dividiu o palco com  cantores internacionais de renome como o barítono norte americano Leonard Warren, em Rigoletto; a mezzo-soprano francesa Jennie Tourel, em Mignon (de Ambroise Thomas) e  a soprana romena Stella Roman, em Norma, de Bellini (8). Warren, por sinal, chegou a convidar Basso para fazer um curso de aperfeiçoamento nos Estados Unidos, mas ele acabou  não indo.
 
O cantor são-bernardense nessa época recebeu  atenção da imprensa carioca, sendo objeto de um perfil bastante elogioso na revista “ O Carioca” (9): “brilhante baixo”, “um grande futuro na cena lírica” (...) “sua atuação superou o que dele se imaginava”, “agradou totalmente”, dizia a reportagem ilustrada com uma grande foto do cantor. Já na histórica “Revista da Semana” , uma reportagem  o fotografou no seu camarim, notando que ele estava cercado “pelos fãs que lhe pediam retratos autografados” (10). E o Jornal do Brasil dizia, em 1946: “Basso, na temporada do ano passado, consagrou-se perante o nosso público, encarnando o “Dom Basílio” do Barbeiro de Sevilha, de Rossini, e Oroveso de Norma (..). Voz bem impostada, ótima extensão nos graves e agudos, eis os principais requisitos desse artista moço, cuja carreira será das mais brilhantes”  (11)
 
A carreira de Basso na ópera duraria até 1953 (12), ano em que ele foi citado entre os melhores do rádio pela revista paulista “O Governador”, junto com o elenco do programa Cortina Lírica (12). Apesar disso, Américo, já casado (com Nina Rosa, corista do teatro municipal de São Paulo) e com filhos, decidiu abandonar o canto lírico por  completo. Foi trabalhar  por três anos com construção de estradas em Pernambuco, oportunidade dada pelo amigo Cesare Beretta. Voltando a São Bernardo, fundou em 1956 com o irmão Bortolo Basso a Organização Imobiliária do ABC, sediada na R. Marechal Deodoro, onde trabalharia até sua morte, em 1980  (13)
 
Existem ao menos duas gravações ao vivo, lançadas em LP,  de óperas com a participação de Américo: a de  Maria Tudor, de Carlos Gomes, gravada  no Teatro municipal do Rio em 20-09-1944 (14) e a de “Chopin” ,de  Giacomo Orefice, gravada em 13-09 1949 (15), também no Municipal do Rio. As gravações foram lançadas  na década de 1970, nos Estados Unidos, respectivamente pelos  selos Unique Opera Records  e  A.N.N.A Record Company. 
 
Américo Basso
 
 
Notas:
 
(1) - Revista Carioca, 20-10-1945
(2) - Médici, A.  Coluna Memória in Díario do Grande ABC, 25-10-1994
(3) - Revista Carioca, idem.
(4) - Correio Paulistano, 14-08-1936
(5) - Correio da Manhã, 22-08-1941; Labrada, G. Memória Musical de São Bernardo. PMSBC. 1986.
(6) - Correio da Manhã 30-05-1943, 08-08-1945, 18-09-1946 ; 01-10-1947, 23-10-1948; 03-05-1949. A Cena Muda 03-10-1944; Jornal do Comércio, 15-10-1950 
(7) - Medici, A. idem, 
(8) - Diário Carioca 24-04-1944, 17-08-1945, 24-08-1945, 01-09-1945. 
(9) - Revista Carioca, idem
(10) - Revista da Semana, 02-09-1944
(11) - Jornal do Brasil 22-09-1946
(12) - O governador 24-12-1953
(13) - Gomes,F. Famílias Ilustres de São Bernardo do Campo.2001
(14) - Steiger, K.Opern-Diskographie: verzeichnis alle Audio-und Video-Gesamtaufnamen.  De Gruiter - 2008
(15) - New York Public Library - Librarmobile.nypl.org/research/research-catalog/bib/b15335883
 
 
 

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