“Não faça ironia com a sua própria felicidade! Nós dois sabemos que milhares de trabalhadores lutam de sol a sol para nos dar farra e conforto. Com a enxada nas mãos calosas e sujas” (O Rei da Vela – Oswald de Andrade). 

 

O livro escolhido para leitura no mês de julho, pelo Clube de Leitura Leitores da Cidade, é a obra “O Rei da Vela” do escritor Oswald de Andrade.  Texto dramatúrgico escrito em 1933 e publicado em 1937, inaugurando o texto teatral moderno.

Pela primeira vez, desde 2018, o clube de leitura vai ler e discutir uma obra teatral.

A obra O Rei da Vela, traz em sua narrativa as influências sociais e políticas do início da década de 1930, marcada pela grande crise do capital de 1929, a revolução de 30 e o movimento constitucionalista de 1932 em São Paulo, momento de grande instabilidade política e econômica do país, e de crise e decadência das antigas oligarquias agrárias que dominaram o poder político no país durante toda a primeira república (1889-1930).
“É provável! Mas compromisso é compromisso! Os países inferiores têm que trabalhar para os países superiores como os pobres trabalham para os ricos”

A peça é dividida em três atos, e sua trama  envolve os personagens Abelardo I e Abelardo II, sócios em um escritório de agiotagem, Heloísa de Lesbos representante da elite agrária decadente e noiva de Abelardo I, compromisso assumido para manutenção de seu status social e para salvar sua família da falência.

Nos três atos, esses e os demais personagens da peça, representam os grupos sociais e suas respectivas contradições do Brasil da década de 1930, o enredo do texto se desenvolve nas relações de interesse, de submissão e de violência entre os personagens.

“Já sei… Os degraus do crime… que desci corajosamente. Sob o silêncio comprado dos jornais e a cegueira da justiça da minha classe! Os espectros do passado… Os homens que traí e assassinei. As mulheres que deixei. Os suicidados…”

Durante décadas esquecida, a peça só foi montada pela primeira vem em 1967, com montagem dirigida por José Celso Martinez Corrêa.

A peça joga luz sobre como a economia capitalista em sua fase de financeirização e de agiotagem internacional agravou ainda mais as desigualdades entre as nações centrais e periféricas dependentes.
Outras questões de caráter moral e de sexualidade também estão presentes no enredo da peça.

Um texto atual, que traz para o nosso presente questões mal resolvidas e legadas pelo nosso passado colonial, imperial e republicano dependentes, como a desigualdade social, a concentração de renda e fundiária, o racismo, o machismo e a homofobia.

 

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