Assim como a vizinha Alameda Glória, a Rua Príncipe Humberto faz parte da Vila Campestre, um dos primeiros loteamentos urbanos do centro da cidade, concebido em meados dos anos 1920 por Luis Angeli e José Brancaleone, a partir do parcelamento do antigo lote rural n.1 da linha colonial Jurubatuba (1). Sua denominação é uma homenagem dada pelos loteadores ítalo-descendentes ao príncipe italiano Umberto de Savoia, que visitou o Brasil em 1924. Na planta original, a rua foi planejada para ter cerca de 1km de extensão, com cerca de 90 lotes, partindo da margem esquerda do Rio dos Meninos, de frente para o antigo campo de futebol onde jogava o E.C. São Bernardo, e seguindo a oeste até divisar com o sítio dos Oneda (atualmente a Rua Oneda, no Bairro Planalto). Porém, com as desapropriações realizadas em 1939-40 em função da construção da Via Anchieta, houve a perda de pelo menos 17 lotes, e o tamanho foi reduzido para os aproximadamente 840 metros atuais.
Os lotes da Príncipe Humberto tinham originalmente 450m2 em média (15 metros de frente por 30 de fundo), tamanho consideravelmente maior que o dos terrenos de loteamentos urbanos mais recentes, algo que propiciou, no começo (antes que fossem parcelados), que fossem construídas habitações maiores e com quintais, poucas delas ainda hoje existentes. As primeiras construções da rua começaram a surgir na década de 1930, um pouco depois e em um ritmo menos acelerado do que na Alameda Gloria. Em 1940, a via possuía cerca de 10 domicílios, concentrados entre o seu início e a altura da esquina com a Rua Ernesto Masini, que na época era apenas uma passagem ainda não totalmente aberta (2).
Nos vinte anos seguintes, contudo, a rua não ficaria de fora do processo de crescimento ocorrido em toda a cidade, especialmente no centro. Em 1961, já parcialmente pavimentada com paralelepípedos, ela possuía cerca de seis dezenas de construções (3), quase todas de caráter residencial. Já havia algumas casas inclusive em seu setor final, perto de onde se instalaria a fábrica de móveis Miele no final daquela década, após se mudar da Rua Tenente Salles (4).
Suas residências eram então ocupadas em grande parte por trabalhadores das fábricas de móveis das proximidades. Muitas das famílias já estavam então há tempos assentadas nessa área da cidade, tais como os Grotti, os Di Favari, os Luchesi, os Masini, os Oneda e os Marotti (5), esta última muito ligada ao clube Sociedade Recreativa Alameda Glória, cuja sede situa-se desde 1969 na esquina da Príncipe Humberto com a Rua Afonso de Oliveira.
A década de 1960 trouxe, por sinal, significativas transformações na Príncipe Humberto: ocorreram várias desapropriações, realizadas primeiro para permitir a extensão da Rua Afonso de Oliveira até ela (1961) (6); depois, para a construção da Av. Newton Monteiro de Andrade, ligando-se à Alameda Glória e à Rua do Cruzeiro (1965-6)(7), que só ficaria pronta de fato na década seguinte. Uma mudança bastante impactante no movimento da rua foi a construção, a partir da segunda metade daquela década, do hospital particular Príncipe Humberto. O hospital, que ficou em atividade até o início do séc.XXI, teve umas das principais maternidades do município durante o período.
Com mais movimento, a rua passaria aos poucos a ter um crescente número de estabelecimentos comerciais e de serviços diversos, principalmente a partir da década da década de 80. Em 1998 já havia pelo menos uma dúzia de empresas desse setor terciário funcionando nela ( 8 ).

Acima a Rua Príncipe Humberto em 1969, na altura da esquina com a Rua Afonso de Oliveira, onde situa-se a sede do clube Sociedade Recreativa Alameda Glória, inaugurada naquele ano. Abaixo, a Príncipe Humberto em 1991, junto ao cruzamento com a Rua Jurubatuba.
Notas:
(1) Planta do Núcleo Colonial de São Bernardo 1888. Museu da Imigração do Estado de SP.
(2) Aerofoto Oblíqua 1940. Instituto Geográfico e Cartográfico de SP.
(3) Planta Cadastral - 1961. Seção de Topografia e Cadastro da PMSBC.
(4) Diário Oficial do Estado de São Paulo, 9-10-1969.
(5) Reemplacamentos - Rua Príncipe Humberto. 1961. Seção de topografia e Cadastro da PMSBC.
(6) Decreto PMSBC 357/61
(7) Decretos PMSBC 903/65 e 1106/66
( 8 ) Guia telefônico São Bernardo - 1998. CTBC.
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