Um dos raros escritores oriundos do ABC paulista que emergiram na primeira metade do século XX, Bernardo Pedroso nasceu em São Bernardo, em 11 de abril de 1898. Era filho de Felício Antônio Pedroso e Maria Augusta Pedroso, ambos pertencentes a famílias enraizadas  há séculos na região de São Bernardo, Santo Amaro e São Paulo.
 
Os genitores de Bernardo moravam no tempo de seu nascimento no início da  rua Santa Filomena (1). Seu pai era então artesão e também chegou a desempenhar  a função de vereador (1896-1899) e procurador da Câmara (2). Bernardo  iniciou  seus estudos de primeiras letras no casarão situado onde hoje é a Praça Lauro Gomes. Em 1908, Bernardo e sua família mudaram-se para São Paulo onde  seu pai empregou-se na função de carcereiro da cadeia pública (3).
 
Em 1927, Bernardo entrou por concurso nos correios de São Paulo, onde trabalhou até a aposentadoria, chegando a alcançar o cargo de diretor de tráfego postal (4). Bernardo era casado com Benvinda Vieira, com quem teve o filho Valdemar, em 1918 (5). Nessa época, ele estava estabelecido  no bairro do Brás, vivendo na Rua Rubino de Oliveira. Posteriormente, ele se mudaria para o  Tatuapé (6).
 
Sua estreia na literatura se deu em 1918, quando publicou um conto no jornal “A Notícia”, de  Ribeirão Preto. Mas seria principalmente à poesia que Bernardo se dedicaria ao longo dos anos, tendo sido autor das obras Juvenília (1947), Doutor Joãozinho (1961), Poemetos ao Mar (1963), Outonal (1964) e Trovas (1965), além de ter publicado poemas avulsos em diversos periódicos  como “Letras da Província de São Paulo”, “Gazeta de Notícias” (29-07-1945) e Excelsior (1-1-1945) (7). Ao resenhar "Juvenília”, obra composta de versos voltados ao público infantil, o premiado escritor Afonso Schmidt disse sobre Pedroso: “poeta delicado, cheio de ternura para com as crianças e para com os animais. (..) Não são todos os escritores que conseguem fazer-se entender pelas crianças. Essa felicidade só é dada para poucos. (...) Todas as iniciativas nesse gênero dificílimo devem ser encorajadas. Nesses tempos em que se procura tirar a poesia ao povo, tornando-a jogo de paciência para meia dúzia de iniciados, todos poetas espontâneos merecem minha simpatia. Entre eles Bernardo Pedroso, que não se contenta em ser compreendido pelos homens e mulheres que  o leem - mas principalmente pelas crianças.” (8)
 
Além de sua obra escrita, Pedroso buscou também fomentar e divulgar  a produção poética paulista, tendo sido presidente da casa do poeta de São Paulo de 1965 até sua morte, em 1972,  e editado  uma revista, a Fanal. Também pertenceu à Sociedade de Estudos Filológicos e foi sócio-fundador da Academia Cristã de Letras.
 
Em 1951, depois de décadas sem ver sua cidade natal, Pedroso visitou São Bernardo, justamente no momento em que o casarão onde estudou na infância estava prestes a ser demolido. Bernardo escreveu então um soneto de despedida, publicado dez anos depois pelo jornal Folha de São Bernardo: “Sobrado amigo e mais que secular, onde as primeiras letras aprendi. Já idoso enfim venho te visitar passado tempo que daqui parti. Foi com saudade já,  que te deixei e triste pressenti ser para sempre que  o iria deixar  e não volver jamais ao pé de ti. Voltei, porém, agora, a te rever num instante  infeliz de tua vida, quando a demolição está fadado! Trago-te pois o adeus, casa querida… Foste a escola que nunca hei de esquecer. Lendário casarão… velho sobrado.” (9)
 
No ano de 1980, o poeta seria postumamente homenageado pelo poder público na denominação de uma Escola Municipal, situada no Bairro Baeta Neves (10).
 
 
Bernardo Pedroso
 
 
 
Notas:
 
(1) - Livro do Imposto Predial, 1900. PMSB.
(2) - Médici, Ademir. Coluna Memória. DGABC 28-10-1988 e 07-02-2022
(3) - O Combate, 20-04-1920
(4) - Correio Paulistano, 26-04-1927
(5) - Registros de Batismo 03-11-1918, Paróquia São João Clímaco (Brás). Arquivo da Cúria Metropolitana
(6) - Letras da Província, edição 161-162. 1962
(7) - Gazeta de Notícias (RJ), 29-07-1945; Revista Excelsior  01-01-1945
(8) - Jornal de Notícias 19-10-1947
(9) - Folha de São Bernardo, 20 -08-1961
(10) - Decreto PMSBC, 09-05-1980.
 
 
 

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