Parte do atual território do Bairro Jordanópolis integrou, entre 1717 e 1877, a fazenda “São Bernardo”, dos monges de São Bento. Adquirida pelo governo imperial, essa área passou a compor, desde o último quartel do do século XIX, as Linhas “São Bernardo Velho” e “Meninos” do Núcleo Colonial São Bernardo. Nesta época, entre os que possuíam pequenas propriedades rurais no território do atual bairro , estavam Joaquim José de Oliveira, o carreiro cearense Pedro Teixeira de Lima, Filomena Dal Zotto, Matias de Andrade, Francisco Cortez, Jorge Mansuetto e, por fim, José Pedroso de Oliveira, dono do maior lote, no qual residia com a esposa Leopoldina e seus nove filhos (1). A área já era delimitada, naquele momento, pela Estrada para Santo Amaro – atual Avenida Piraporinha, pelo Ribeirão do Cavalheiro – atualmente denominado Rio dos Couros e pela estrada de ligação entre São Paulo e Santos – parcialmente correspondente à atual Via Anchieta, em cujas margens se localizavam um punhado de pequenas casas (2).
A história urbana do bairro começa em 1925, com o surgimento de um loteamento denominado Cidade João Ramalho, que, embora não tenha recebido ocupação efetiva na época, teve o desenho de sua malha viária preservado até os dias de hoje, correspondendo à boa parte da atual Vila Jordanópolis, denominação que, em 1938 perpetuou o nome do loteador original, Euvaldo Pinto Jordão. Na mesma época da Cidade João Ramalho, surgiram a Vila Santa Isabel, que também não se desenvolveu e, pouco depois, na década de 1930, as vilas Camponesa e Jahu, que, em sua maior parte foram demolidas por ocasião da construção da Via Anchieta e do trevo que lhe dá acesso, no seu quilômetro 18. Uma porção remanescente da Vila Camponesa acabou integrando posteriormente o Alvinópolis (1952), loteamento promovido por Oswaldo Ferraz Alvim, que também emprestaria um sobrenome a outro de seus empreendimentos, em outra parte da cidade, a Vila Ferrazópolis (3). Refletindo a explosão econômica e demográfica da cidade, surgiram, entre as décadas de 1950 e 1970, a Vila Áurea (1952), a Vila São Leopoldo (1958), a Chácara Sergipe (1968) ,a Vila Weida(1969) e, por volta de 1975, o Jardim Cerejeiras e a Vila Danúbio (4). No decorrer deste período ocorreu também a ocupação da maior parte da antiga Vila Jordanópolis, que, com 880 lotes de 400m² de área média, continua sendo até hoje o maior núcleo urbano do bairro. Ao mesmo tempo, chegaram à localidade as grandes fábricas, através das autopeças Carfriz (1962) e Borg-Warner (1963) e da fabricante de plásticos Perstorp (1961), que integraram o parque industrial da Avenida Piraporinha. Além destas, o Jordanópolis abrigou diversas outras indústrias importantes ao longo da segunda metade do século XX: Toro (1959), Mazaferro, Brascola, Solidor e Cabomat. Entre o primeiro registro demográfico do bairro, de 1970, até o censo nacional de 1980, a população do Jordanópolis saltou de 4996 para 15473 habitantes, número muitíssimo próximo da marca do último censo, o de 2010, indicando, portanto, a década de 70 como a de maior crescimento e também aquela em que ocorreu a consolidação demográfica da localidade. Em 1972, cerca de 3/5 das ruas do bairro já estavam pavimentadas (5).
Em 1979, em uma pesquisa sócio-econômica realizada pela prefeitura municipal, o Jordanópolis aparecia como o bairro com o menor percentual de nascidos em São Bernardo do Campo(13,6%), portanto, aquele que abrigava maior percentual de migrantes. Era também o que possuía maior percentual de nascidos em outros municípios da grande São Paulo (46,5%). Em parte, isto está relacionado com a proximidade do bairro com a Via Anchieta e com a capital paulista, como sugere o fato de que os outros quatro bairros mais próximos da capital e vizinhos da Via Anchieta – Rudge Ramos, Anchieta, Paulicéia e Taboão - estavam também entre os cinco com maior percentual de migrantes e de nascidos nos outros municípios da Grande são Paulo. Além disso, em comparação com este grupo, o Jordanópolis se destacava por ser um bairro mais jovem, com um processo de ocupação especialmente intensificado nos anos 70, período de enorme crescimento do parque industrial instalado nas proximidades da Via Anchieta e de grande atração de migrantes. Possuía o maior percentual de chegados nos últimos 8 anos entre sua população migrante e era também o bairro que abrigava a menor quantidade de habitantes por domicílio (3,7) e a quarta maior renda domiciliar média (10,5 SM) (6).
Os principais equipamentos educacionais e de saúde surgiram no local em um período de aproximadamente 20 anos, entre 1965 e 1985. No final de 1967 , existiam no bairro apenas duas escolas: Grupo de Escolar de Vila S. Leopoldo, na Rua Pindorama, e a Escola Mista da Vila São Leopoldo, próxima ao km 18 da Via Anchieta. Em 1974, surgiu o Núcleo de Educação Infantil da Vila Jordanópolis, atual EMEB Padre Manuel da Nóbrega, na Avenida Padre Anchieta. Em 1976, o grupo escolar de Vila São Leopoldo já abrigava um curso ginasial e, posteriormente, teve sua denominação alterada para Professor Antônio Nascimento, hoje uma Escola Estadual. Por volta de 1981, surgiu o EEPG Chácara Sergipe, atual EMEB Sylvia Marilena Fantacini Zanetti, na Rua Silas de Oliveira, e a EEPG (atual EMEB) Professora Jandira Maria Casonato. Antes do final da década de 1970, na Rua Oswaldo Cruz, foi criado o primeiro equipamento de saúde do bairro, o Posto de Puericultura - hoje UBS - Jordanópoilis (7).
Acima: Inauguração da Praça Domingos Vanzella, no Bairro de Jordanópolis. 1985. Abaixo: Rua Almeida Brandão, Jordanópolis. Ao fundo vê-se o reservatório de água da Vila Cacilda. 1990.
Notas
(1) - Cf. Livro de Matrícula dos Colonos – Núcleo Colonial de São Bernardo/Sede. Inspetoria Geral de Terras, Colonização, Imigração do Estado de São Paulo. (1877/1892). Acervo: Arquivo do Estado de São Paulo.
(2) - Comissão de Medição de Lotes Coloniais do Município da Capital da Província da S. Paulo. Planta de Jurubatuba e parte de São Bernardo. 1888 (c); Núcleo Colonial de São Bernardo compreendendo a sede e as linhas Meninos, S.Bernardo Velho, Jurubatuba, Camargo, Galvão Bueno, São Bernardo Novo, Dutra Rodrigues, Rio Grande, Capivary e Curucutu.
(3) - Cf. Barbosa, Newton Ataliba. Madsen e Piquini, Marco A. Largo de Piraporinha, o começo de tudo na Região Noroeste. Jornal Folha de São Bernardo. Suplemento Especial. 31/03/1979. p. 5-7. Um outra vila na primeira metade do século XX que existe até hoje é a Vila Cacilda, loteada em 1945.
(4) - Medici, Ademir. São Bernardo, Seus Bairros, Sua Gente. São Bernardo do Campo: Secretaria de Educação, Cultura e Esportes.1984. p.222-227.
(5) - Cf. Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo.Departamento de Topografia e Cadastro. Seção de Cadastro e Estatística. Serviço de Pesquisas e Estatística. Gráficos I. 1972. p. 20 ;
(6) - Cf. Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo. Pesquisa Socioeconômica 79: Relatório 1. Outubro/1980
(7) - Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo.S ecretaria de Planejamento e Economia. Departamento de Estatística. Banco de Dados. Dados sobre o bairro Jordanópolis. p.14; Barbosa, Newton Ataliba. Madsen e Piquini, Marco A. Largo de Piraporinha, o começo de tudo na Região Noroeste. Jornal Folha de São Bernardo. Suplemento Especial. 31/03/1979. p. 13,14, e 16.
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