Mesmo não sendo em comparação com os pontos mais urbanizados da cidade muito grande, a ocupação  na área  do atual Distrito do Riacho Grande  tem raízes remotas. Ao longo do período colonial diversas sesmarias  foram concedidas naquela região, como as Luiz de Alvernas e Bernardo Quadros (ainda no séc XVII)  e as de  Bento Rodrigues e Manoel da Costa Zanzalá (séc. XVIII). Registros de terras de meados do séc XIX indicam dezenas de sitiantes ali assentados e uma rede de estradas vicinais, complementares ao caminho de Santos, já formada, sendo a antiga Estrada do Rio Acima a principal delas. Já no final do século XIX, a população na área da futura represa teria novo incremento com os estabelecimentos de sete  núcleos coloniais de imigrantes estrangeiros, formados por estrangeiros em suas maioria, principalmente italianos e poloneses. Em 1906 já havia mais de 150 famílias assentadas nesses lotes. Porém a evolução populacional da área seria bastante afetada pela construção da Represa Billings entre 1927 e 1935, que causou a inundação parcial ou integral de mais de duzentos lotes, localizados nas terras mais baixas, nos vales dos rios Grande, Pequeno e Capivari, que concentravam boa parte das atividades agrícolas locais. Além disso, moradores antigos chegaram a relatar que a represa afetou até o clima local, tornando-o mais úmido. Indenizadas pela Light, muitas famílias tiveram parcelas ou o total de suas terras desapropriadas e acabaram se mudando do Riacho Grande na ocasião. Outras, ao menos em parte, ficaram, como a família de Evaristo Gianotto, cujos pais, Luiz Gianotto e Angela Serraglia, haviam se estabelecido em 1887 no lote 2 da linha colonial Rio Grande, do qual parcela não inundada se tornaria depois o Jardim Dona Luiza (nome de uma nora do casal). Evaristo, em depoimento que deu ao setor de memória da prefeitura em 1980, resumiu  de forma simples como era sua vida antes da chegada da represa e os  impactos que  esta causou nas atividades de sua família: “ A maneira de viver era muito boa, agora de vestir, vestia como podia. (....) Até os 25 anos eu andava com a calça toda remendada (...) Éramos muitos felizes. Alimentação nunca faltou. Plantávamos de tudo,  feijão, abóbora, batatinha, milho. Tinha uva. Tudo dava. Era uma beleza. Depois que veio a água (a Represa Billings)  é que não deu mais.”

 

Nas imagens, vemos acima ele e a esposa Ana Mendonça, em sua residência na Rua Angelo Gianotto, Riacho Grande, no ano de 1980, ocasião em que deu seu depoimento. Abaixo a barragem Santo Amaro da Represa Billings em construção, no ano de 1928.

 

Pesquisa e acervo: Centro de Memória de São Bernardo do Campo.

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